sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Vítimas de estupro vão receber pílula do dia seguinte em hospital

 Carlos Alberto SilvaAs vítimas de violência sexual terão atendimento imediato no Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive para receber a pílula do dia seguinte e informações sobre direito ao aborto em caso de gravidez. É o que diz o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado ontem, sem vetos, pela presidente Dilma Rousseff.

A norma, que entra em vigor em 90 dias, inclui diagnóstico e tratamento de lesões, atendimento psicológico e exames para detectar doenças sexualmente transmissíveis. Também estabelece que a mulher que sofreu violência desse tipo tenha facilitação do registro da ocorrência e encaminhamento às delegacias especializadas.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o objetivo é oferecer “tratamento humanizado, respeitoso a qualquer vítima de estupro”. A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, também avaliou como um ato de “respeito às mulheres que sofrem violência sexual”.

Sem fecundação

A lei determina a “profilaxia da gravidez”, com uso da chamada “pílula do dia seguinte”. A medicação evita a fecundação do óvulo (em até 72 horas após a relação sexual) e não tem poder para interromper uma gestação.

O presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Espírito Santo, Henrique Zacarias, reforça que a pílula do dia seguinte – já oferecida na rede pública – não é considerada um abortivo para a classe médica. Segundo ele, trata-se de uma dose alta de hormônio que impede o espermatozoide de ter força para encontrar o óvulo ou ainda que o óvulo se fixe no útero. “É um contraceptivo”, define.

Mudança

O termo “profilaxia” será substituído na lei por “medicação com eficiência precoce para prevenir gravidez resultante de estupro”. Além disso, o artigo que considera violência sexual “qualquer forma de atividade sexual não consentida” será alterado para “todas as formas de estupro, sem prejuízo de outras condutas em legislação específica”, segundo o Código Penal.

Segundo Padilha, a mudança é necessária, pois crianças e pessoas com deficiência, que não conseguem manifestar sua vontade, seriam excluídas pelo texto aprovado no Congresso.

Número de abortos deve diminuir

O governo acredita que, com a lei, deve cair o número de abortos feitos por vítimas de estupro. “Além do apoio à mulher vítima de uma tortura, porque todo estupro é uma tortura, a lei permite que ela não passe por outro sofrimento, o aborto legal”, disse o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Pela atual legislação, a vítima de estupro pode realizar o aborto, bastando assinar um documento no hospital.

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