É este o quadro da empreitada no
terminal cearense de acordo com a última atualização de dados entregue
pela Infraero, estatal responsável pela obra, à CGU (Controladoria Geral
da União), na semana passada. O projeto de reforma e ampliação do
aeroporto foi incluído na Matriz de Responsabilidades da Copa do Mundo
de 2014 em julho de 2010, por meio de um acordo celebrado entre o
Ministério do Esporte, o Governo do Estado do Ceará e a Prefeitura
Municipal de Fortaleza. A Matriz De Responsabilidades é um documento
assinado em janeiro de 2010 por União, estados e municípios, como
compromisso das ações, com prazos e custos definidos, que seriam
executadas até junho de 2014.
Originalmente, a obra deveria ter
tido início em março de 2011. O prazo de entrega era dezembro de 2012.
Ocorre que, até fevereiro daquele ano, nem mesmo a licitação para
contratar as empreiteiras tinha sido feita.
Então, foi preciso
alterar os planos. O processo de licitação mudou. Antes, era para ser
feito pelas normas da Lei 8666/93, que regulamenta as concorrências
feitas pelo poder público. Mas, como havia grande atraso, preferiu-se a
utilização do RDC, ou Regime Diferenciado de Contratações , mecanismo
normativo criado em 2011 através de medida provisória para flexibilizar
as regras das licitações públicas para as obras da Copa.
O
objetivo do RDC era construir uma saída legal para agilizar as obras de
estádios e infraestrutura para a Copa do Mundo, a maioria já atrasadas
em 2011. Assim, pelo RDC, permite-se por exemplo que a mesma empresa
seja contratada para fazer o projeto executivo de uma obra e também para
executá-la. Com isso, o processo se torna mais rápido, não é preciso
fazer duas licitações, mas, por outro lado, corre-se o risco de uma
empresa criar um projeto executivo que torne a obra mais cara, ainda que
não por necessidade, já que será ela mesma a responsável por sua
execução.
Assim, em fevereiro de 2012, foi feita a concorrência. O
prazo de conclusão era junho deste ano. Com um cronograma mais
apertado, subiu o valor da empreitada. O consórcio vencedor, CPM Novo
Fortaleza, liderado pela empreiteira Consbem Construções, assinou um contrato com a Infraero no dia 9 de maio de 2012 para fazer a obra por R$ 336,6 milhões.
O prazo de conclusão: 1.800 dias, a contar da emissão da primeira ordem de serviço. 1.800 dias, ou 60 meses. Ou cinco anos.
Quer
dizer: a obra de reforma e ampliação do Aeroporto de Fortaleza,
contratada sob as regras do Regime Diferenciado de Contratações,
aprovado por medida provisória em 2011 para agilizar as obras para a
Copa do Mundo de 2014, tem prazo de conclusão para 2017. Está no link
ali de cima.
De lá para cá o custo aumentou, está em R$ 383,8 milhões, segundo a CGU
(se clicar, olhe a tabela mais abaixo, de execução financeira),
acréscimo devido à assinatura de contratos secundários para a obra.
E
então vem a explicação da Infraero: é que, na verdade, a obra é
dividida em duas fases. A primeira será entregue em março de 2014. Esta
foi a data informada ao blog na última terça-feira pela assessoria de
imprensa da estatal, em que pese o fato de o Portal da Transparência, do governo brasileiro, prever a data de dezembro de 2013,
que é uma espécie de “fim da linha” acordado com a Fifa para todas as
grandes obras da Copa. A segunda fase, esta sim, é que termina em 2017.
A
Infraero diz que as obras entregues até 2014 vão permitir um aumento de
capacidade dos atuais 6,2 milhões de passageiros para 8,6 milhões.
Segundo a estatal, o movimento em 2014 no aeroporto cearense deverá ser
de 7,4 milhões de passageiros.
Poderia-se pensar, então, que, ao
fim e ao cabo, pelo menos Fortaleza terá um aeroporto capaz de receber
bem os passageiros que por lá passarão em 2014. Para que isso ocorra,
porém, será preciso apertar o passo na obra. Segundo a CGU, o percentual
de execução física da obra em 30 de junho deste ano era de 12%. Dos R$
383,8 milhões contratados, somente R$ 36 milhões haviam sido executados.
É bom que Deus seja mesmo brasileiro.
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